RELAÇÃO ENTRE “HÁBITO” E “FOCO”
– Existe algo que eu possa fazer para não perder o foco nas atividades que devo realizar? Talvez essa seja uma das perguntas que mais ouço nos eventos que realizo. E minha resposta é sempre a mesma: sim, você pode construir hábitos positivos!
Pois bem, se você ainda não leu o livro O poder do hábito do autor Charles Duhigg, eu recomendo fortemente que você leia. E se você já leu, então, recomendo que você releia de forma sistematizada e anote as principais ideias, para fortalecer o seu real entendimento de como são formados os nossos hábitos.
Sim! Hábito e foco tem uma relação singular.
No livro citado, Charles Duhigg explica o que ele chama de loop do hábito e mostra que quando um hábito é formado, o cérebro humano tem uma tendência de parar de participar da tomada de decisões, ou seja, é como se ele parasse de fazer esforço para decidir e, consequentemente, assumisse determinados padrões de comportamento que fariam esse papel de decisor. Na verdade, quando você assume um padrão comportamental, então, algumas coisas acontecem em função dessa padronização, mesmo que você não esteja focado para agir daquela forma.
Assim, a não ser que você lute ferozmente contra a formação desse hábito, tudo irá se desenrolar automaticamente e, obviamente, você assumirá um padrão de comportamento que lhe parecerá natural e que reduzirá a importância da perda de foco, pois na verdade, você está praticando algo que ficou impregnado na sua rotina. Na verdade, tudo acontece como se você estivesse realmente muito focado para atingir aquele resultado.
Então, a dica é: crie um hábito positivo atrelado às ações que você pretende executar na busca de seus objetivos e metas, pois esse hábito positivo atuará fortemente na criação de um padrão comportamental positivo, reduzindo possíveis impactos de uma eventual perda de foco.
Se você conseguir construir bons hábitos e aliá-los às atividades inerentes ao seu plano de ações, então, tudo funcionará de forma mais rotineira, fazendo com que você tenha menos chance de ter problemas com a perda de foco. Tudo funcionará de forma mais natural para você, dentro de um padrão que você mesmo estabeleceu. Assim, sua provável sensação será de manutenção ou até de ampliação do foco.
Vamos simplificar com um exemplo:
Vamos imaginar que você adquiriu o hábito de seguir para casa após o trabalho todas as noites, deitar no sofá e comer chocolate, assim, podemos dizer que o seu cérebro não participa mais da decisão de ter ou não ter uma vida sedentária na parte da noite, trata-se de um hábito que você assumiu e que dificilmente abandonará, mesmo sabendo que uma vida sedentária te faz mal. Pois, esse padrão já lhe parece natural.
Então, no exemplo que eu dei acima, o que você poderia fazer para deixar de lado esse hábito de uma vida sedentária?
Primeiro é preciso querer mudar e assumir um novo caminho. Segundo, é preciso entender como se forma um hábito para agir diretamente nesse ponto.
Os hábitos nascem com uma oportunidade, que Duhigg chama de deixa (passo 1), e aí, você associa essa oportunidade à construção de uma rotina (passo 2) que, automaticamente, irá leva-lo à sensação de obter uma recompensa (passo 3).
Podemos ver tudo isso no exemplo que citei acima:
• Passo 1: Na saída do trabalho, você quer seguir direto para casa para descansar (oportunidade ou deixa)
• Passo 2: Sentar no sofá, ver TV e comer chocolate é o que você passou a fazer após o trabalho (rotina)
• Passo 3: Ficar no sofá vendo TV e comendo chocolate não só alimenta sua sensação de relaxamento e bem estar, mas também, de eliminação da ansiedade (recompensa)
Pronto! Nesse caso, está formado o loop do hábito que vai lhe acompanhar de forma natural e rotineira.
Pense: você não sentiria perda de foco nessa atividade! Sentiria?
Assim, para você abandonar um hábito ruim ou formar um novo hábito positivo, basicamente, o que deve fazer é, primeiro, estar aberto às novas oportunidades, para então estruturar novas rotinas e, de forma consciente, criar novas recompensas.
Vamos tentar refazer o loop do hábito para o caso acima, agora, com uma visão positiva:
• Passo 1: Você fica sabendo que seus colegas montaram um grupo de caminhada após o horário de trabalho e decide participar (nova oportunidade ou deixa)
• Passo 2: Você entende que fazer caminhada às segundas e quartas, após o trabalho, antes de ir para casa é algo possível, factível e mais saudável (nova rotina)
• Passo 3: A caminhada com os amigos do trabalho, além de proporcionar uma vida mais saudável, também ajuda a eliminar a ansiedade do dia a dia e, ainda, melhora o seu relacionamento e networking na empresa (nova recompensa)
Claro que para estabelecer um novo loop do hábito, você primeiro precisa querer mudar.
Acredite, criar novos e bons hábitos, certamente, pode lhe ajudar a atingir seus objetivos e superar suas metas, pois se você se dedica a uma atividade que já lhe é habitual e rotineira, então, o foco – nesses casos – passa a ter importância quase secundária no contexto, entende?
E lembre-se que no exemplo que eu dei, nada impede que você seja o idealizador do grupo de caminhada, ou seja, nada impede que você mesmo crie as deixas ou oportunidades!
Se você achou difícil mexer nas três variáveis de uma só vez (deixa+rotina+recompensa), então, fique tranquilo, pois o autor ensina que, muitas vezes, é possível manter a oportunidade, alterando apenas a rotina ou a recompensa para a formação de um novo hábito.
Altere sua rotina com coisas que você gosta e que podem lhe fazer bem. Pense também em se recompensar por cumprir suas tarefas de forma positiva. Crie hábitos positivos pois manter o foco em algo que você gosta é infinitamente mais fácil do que manter o foco em algo que você não gosta ou tem que fazer por obrigação.
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